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Foto do escritorElis Barbosa

Totem e Tabu até o presente momento


Quero querer, quero fazer o que quiser, e gozar com isso sem nada se esgotar. Quero querer mais e de novo, de tudo. Poder continuar querendo enquanto quiser. Seria tudo. Seria mortal. Para poder alguma coisa é preciso não poder outra, diferente disso parece não haver. Castração, eles dirão.


A distinção de todos entre todos, a representação de algo que se inscreve no simbólico e só por isso é capaz de retornar simbolicamente, morre o pai (da horda) para que venha o Totem. O impossível, o contraponto mais radical, o sim-não no mesmo lugar, tabu. Sagrado que profana, o inegociável ponto fixo a partir do qual se articulam as relações de poder as ordens hierárquicas e o pertencimento.

Sobre Totem e Tabu, encontrei muito, “um dos textos mais criticados de Freud, e com razão”, ok. Mas então porque a gente continua lendo? Porque não é sobre verdades absolutas, mas sobre o exercício de se explicar, acessar e usar as próprias construções teóricas e passar a bola para quem estiver na outra ponta da linha, seu leitor.

Freud traz material coletado na antropologia evolucionista, um saber que se afirmava à época e trazia muitas novidades do mundo para o mundo eurocêntrico. Todos queriam experimentar a novidade. Conforme caminhamos na leitura, parece desejo do autor encontrar um ponto histórico na história da humanidade onde se possa colocar o dedo sobre e dizer, “eis aqui quando e como tudo começou” e então teríamos provas. Roudinesco em seu dicionário fala lindamente sobre o verbete “Totem e Tabu”.

Quem nunca? Se Freud ousa, com sua categoria literária, erudição e tesão intelectual, a gente vai junto na disposição de acessar o texto em seu contexto. Considerando o tempo histórico e o contexto desdobrado dele, entendendo de que pressupostos teóricos e experiência de mundo o autor pode partir, fica a admiração pela coragem de assinar-se embaixo, de expor tudo que queria, assumindo a certeza da dúvida, a presença de imprecisões, o erro ou incompletude de algumas premissas. A ele também a falta se deu, humano que era.

A vida não caminha fora da tensão da ambivalência.

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