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Foto do escritorElis Barbosa

temos uma trilogia?


A escolha dos textos para a Leitura Comentada - Textos de Freud, não foi do nada, precisamos falar sobre o que nos causa a experiência de viver, tecer nossas narrativas, rever nosso roteiro de cuidados consigo e para o outro.


Elaborar é preciso, viver também é preciso. Incluir é preciso, produzir saber sobre o que a vida vivida muda em mim, e em nós, é bem-vindo.


Ano passado D. Política invadiu o consultório pela porta da frente, toda trabalhada na angústia, raiva, incompreensão e medo. Arregaçou. Jogou merda no ventilador, e foi para todo lado, direita, esquerda, frente, atrás, de cima a baixo, não escapou ninguém, todos lavados em merda, e não foi do nada.


Todo texto tem seu contexto, nada vem do nada, muito pelo contrário. Tem saberes sobre si e sobre a gestão do mundo no qual vivemos difíceis de acomodar na consciência sem aquele processo de “pós educação”, termo de Freud se referindo ao trabalho analítico. E como “Cada um alcança a verdade que é capaz de suportar.”, disse Lacan, mais nos desencontramos que outra coisa, internamente e na nossa relação com o outro e o Outro.


Quando a gente dá conta que vai se dar conta, vem a resistência diante do trabalho que é enxergar as coisas como estão. As defesas psíquicas disparam, tentam acomodar, do jeito delas, o conteúdo difícil de acessar na consciência, e acabamos por agir irrefletida e inconscientemente, só no repeat.


As defesas operam, no geral, abafando o caso, e a gente “esquece” que sabe, ou jogando no colo do universo as razões e motivos de tudo ser assim. Cada um escolhe onde vai jogar. Vira um tal de “a culpa é de um”, “não, a culpa é de todos”, e a culpa não é de ninguém porque ela foi inventada só para ser jogada mesmo, e da responsabilidade que todos temos na bagunça da qual reclamamos, outra adaptação de Freud.


Ficamos ali, no endereço da reatividade, mais assujeitados à vida do que sujeitos nela.

Olhando em volta, o que vê por fora, o que vê por dentro?


Sua família enquanto grupo social primário vai se refletir e reverberar no modo como todos os outros grupos sociais são organizados, sua moral e sua ética, sabia?


Quem tem sido você? Consegue sentir o pertencimento?

A qualidade de vida, tá satisfatória? Se sim ou não, impacta no modo como a cidade está organizada na sua estrutura física, na distribuição das riquezas e no social. Tudo integrado e interagindo.


Nada vem do nada, nada se sustenta sem que a gente participe.


A política está sendo vivida, praticada e a serviço dos dispositivos da justiça, por sua vez alinhados com as transformações sociais pelas quais temos passado desde tantas revoluções acontecidas nos últimos 100 anos?


Perguntava essas coisas e resolvi procurar no “Psicologia das Massas e Análise do Eu”, que falou muito comigo sobre repetições históricas e a natureza das instituições nascidas justamente para dar continuidade ao legado do que só quer repetir.


Tinha o “Mal Estar na Civilização”, esse olhar tão sincero para os desdobramentos das escolhas dos homens sobre como as pessoas podiam ou deviam acessar o mundo, quanto e por quanto tempo podiam ou deviam permitir que o mundo as transformasse, como se fosse isso ou passasse por aí.


Foi do nada que veio Totem e Tabu?


Papo psicanalítico antropológico, minhas duas metades, onde Freud traz algo de originário, algo de um antes, de um “era uma vez, a primeira vez de algo que aconteceu há muito tempo atrás, mas que se presentifica na atualização traumática que acontece sempre na terra nem tão tão distante da compulsão à repetição …”, sim, o mito da civilização, e eu adoro uma história instigante. Retomamos em 2023 na semana que vem.

Abraço, Elis.


Encontros online, toda segunda-feira às 8:30, 50,00 (mensal)


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